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27 mar

Órgão de tubos, o presente de Curitiba para a Camerata Antiqua de Curitiba

Publicado em: Camerata Antiqua de Curitiba por: viridiana
foto lucilia guimaraes

A leveza e a sonoridade transmitidas pelos instrumentos e a habilidade dos músicos, durante um concerto, vão além do que se imagina. Exige o talento e a sensibilidade de quem constrói o instrumento.

Em comemoração aos 324 anos, Curitiba ganhou um órgão de tubos com 204 flautas e quatro timbres, construído especialmente para Capela Santa Maria e a Camerata Antiqua. “Era um presente aguardado há anos pelos músicos”, conta Francisco Freitas Junior, integrante da Camerata. “Adquirimos um instrumento de qualidade feito por um profissional respeitado no Brasil. O novo órgão enriquecerá nossos concertos por ter uma variedade de timbres e maior potência sonora”, avalia.

O instrumento com mais de três mil peças feitas manualmente levou seis meses para ficar pronto. Um projeto que superou as perspectivas do próprio inventor, o construtor de órgãos Manfred Ronald Worlitschek. “A construção de um instrumento é um trabalho muito detalhado, exige conhecimento de música, acústica, matemática, física, marcenaria e ainda tem que saber usar materiais como o couro e os metais. Os instrumentos mais modernos exigem também conhecimento de elétrica e eletrônica”, explica Worlitschek.

No Rio Grande do Sul, Estado que escolheu para viver quando chegou da Alemanha, Worlitschek construiu um órgão de 35 timbres, 2.204 flautas, para a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), o maior feito por ele até hoje.

O talento e a sensibilidade de Worlitschek despertaram cedo, ainda criança. “Desde pequeno eu sonhava com uma profissão que tivesse uma grande abrangência e me encontrei como construtor de órgãos de tubo”, lembra ele, que há 38 anos dá vida aos instrumentos.

Para que tudo funcione com harmonia outros dois profissionais entraram em cena: o técnico afinador de pianos Donizete Bonifácio e o organista Ricardo Herrmann. O órgão foi montado por Manfred na Capela Santa Maria e, antes de ser finalizada a montagem, o técnico afinador, formado pela fábrica de piano Essenfelder, fez as regulagens necessárias para que o som seja o mais belo possível. “A madeira ganha vida ao se transformar em instrumento, você passa mão na madeira para a construção da tábua harmônica, é como se fosse um rio que te dá a direção. Se seguir essa direção, você constrói um instrumento imbatível”, diz Bonifácio.

Depois de afinado, a vez é do organista. As mãos hábeis de Herrmann e a sonoridade emitida demonstram que o trabalho de Worlitschek e Bonifácio foi perfeito. “É um instrumento primordial, principalmente para a Camerata que cultiva a música vocal de Dieterich Buxtehude, Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel, François Couperin e outros compositores Barrocos.”

Camerata 43 anos 

Fundada em 1974 pelo maestro Roberto de Regina e a cravista Ingrid Seraphim, a Camerata Antiqua de Curitiba tem como mantenedora a Fundação Cultural de Curitiba. É formada por um coro e orquestra de câmara.

Inicialmente a proposta de repertório da Camerata baseava-se na interpretação e na pesquisa da música antiga. Após vários anos de dedicação exclusiva à música do período Barroco e da Renascença, o grupo passou a se dedicar também ao repertório de compositores contemporâneos nacionais e estrangeiros.

As várias apresentações no Brasil e no exterior mostram a versatilidade do grupo, graças à capacidade técnica dos músicos na interpretação da música antiga e contemporânea. O coro da Camerata conta com 20 cantores que foram orientados tecnicamente por Neyde Thomas, e a orquestra com 20 instrumentistas de cordas.

Temporada 2017 – A Camerata Antiqua de Curitiba abre a temporada de concertos 2017 com a obra ‘Paixão Segundo São Mateus’ de  Johann Sebastian Bach (1685-1750). Com regência de Abel Rocha.