O Conservatório de Música Popular Brasileira da Prefeitura de Curitiba abriu suas portas para a inclusão e virou sala de aula do Música Tátil, projeto de musicalização profissional dirigido a pessoas cegas ou com baixa visão, que é realizado desde 2017 de forma voluntária pelo músico e professor Luiz Amorim.
Nestes cinco anos, o Música Tátil foi desenvolvido dentro do Instituto Paranaense de Cegos. Após o período de isolamento em razão da pandemia, o projeto voltou em fevereiro de casa nova, no Conservatório de MPB, no São Francisco. Neste semestre, as aulas acontecem toda terça-feira, das 18h30 às 20h30.
Para Amorim, a mudança ajuda a quebrar barreiras. “Foi ótima em diversos sentidos, tanto por uma estrutura melhor como medida de pertencimento. O conservatório é referência musical na cidade e queremos fazer dele um espaço de inclusão”, comentou o professor, que também foi precursor das aulas de inclusão na Oficina de Música de Curitiba em 2019.
O Música Tátil ensina musicografia em braille e desenvolve atividades sonoras, mas a mudança de espaço físico vem com a intenção de estabelecer em Curitiba um serviço de apoio à formação musical profissionalizante de pessoas com deficiência visual.
Amorim afirma que ainda hoje existe muita dificuldade de encontrar partituras em braille e outros conteúdos necessários à formação artística e profissional de pessoas com deficiência e que nesse sentido, a estrutura oferecida no Conservatório é fundamental.
“O Música Tátil passou por um forte amadurecimento e vir para o conservatório é resultado disso. Aqui temos disponibilidade de recursos para incrementar as aulas, acesso a um piano digital, estrutura de sons, condição acústica e suporte técnico”, comemora o professor, que é deficiente visual e conhece as barreiras de produzir e de ensinar música profissionalmente.
Para além das vantagens técnicas, a presença do projeto no Conservatório de MPB faz com que jovens e adultos, com e sem deficiência visual, convivam motivados pela música em um ambiente de troca. A turma de alunos do Música Tátil fará parte das apresentações artísticas do espaço, como o Afina-se, e em outras atividades culturais abertas ao público.
O idealizador
O professor Luiz Amorim é uma pessoa com baixa visão. Teve sua formação instrumental e teórica em música no Instituto Benjamin Constant, com mestres cegos como Ceverino Campello e Sidnei Marzulo. Graduou-se como licenciado em Música em 2015, na Universidade Federal do Paraná, especializou-se em Educação Especial e Inclusiva em 2018, pela Faculdade São Braz, e, em outubro de 2021, foi titulado mestre em Música pela Universidade Estadual do Paraná.
No campo acadêmico, participa ativamente de palestras e de debates em eventos, além de integrar a comissão organizadora do Encontro sobre Música e Inclusão (EMI) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).