Um cinema que nada fica a dever a uma sala de exibição de shopping, com a vantagem de abrigar espetáculos musicais e oferecer cursos de música, canto e dança, tudo isso de forma gratuita para a comunidade.
Assim é o Teatro da Vila, espaço coordenado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e que completa um ano de existência neste sábado (5/11). Para comemorar a data, haverá uma programação especial para o público em novembro.
Encravado na Vila Nossa Senhora da Luz (CIC), o espaço edificado pela Prefeitura realizou o sonho de muita gente. Primeiro porque o local estava abandonado por gestões anteriores e a degradação havia tomado conta, preocupando os moradores do entorno.
A construção do Teatro da Vila foi coordenada pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) com investimentos do governo federal e contrapartida da Prefeitura.
A obra havia sido abandonada em 2014. A construção inacabada gerava insegurança na comunidade. Quando o prefeito Rafael Greca assumiu para o segundo mandato, a Cohab conduziu as negociações que garantiram a retomada e conclusão da construção.
De mocó a casa de cultura
“Era um mocó, um antro de drogas e desocupados. Muitas pessoas da comunidade lutaram para mudar isso. E hoje isso se tornou realidade”, lembra Leonir Lucinda dos Santos, 88 anos, líder comunitária da região.
Ela diz que toda a comunidade está feliz com o Teatro da Vila e prestigia a programação. “Eu sou um ‘arroz de festa’ do teatro”, confessa Leonir. O último filme que viu ali foi O Lendário Cão Guerreiro, uma animação da Paramount para todas as idades.
“O Teatro da Vila é um espaço para toda a família: eu usufruo e a minha bisneta Mariah participa das aulas de musicalização do projeto MusicaR. A minha neta e o marido dela também são assíduos nas sessões de cinema. Quando eu recebo a programação já passo para os grupos de Whatsapp da terceira idade”, é muito bom”, comenta Leonir.
Curso de balé
Além do MusicaR (musicalização para faixa etária infanto-juvenil), que tem entre as alunas a neta de Leonir, o Teatro da Vila também mantém uma programação de cursos, como teatro, dança, Nosso Canto e vai ofertar agora aulas de balé.
“A recepção do público para o espaço foi maravilhosa e nós temos uma clientela muito boa, é uma relação quase que familiar. As pessoas trazem bolo para nós. É muito recompensador ver a relação da comunidade com a casa”, disse o coordenador do Teatro da Vila, João Moraes.
Com a sala de exibição de filmes que recebeu o nome do ator Tarcísio Meira, em homenagem ao artista brasileiro que morreu em agosto de 2021, vítima de covid-19, o Teatro da Vila é um cineteatro com capacidade para 245 pessoas. Dispõe de modernos equipamentos para projeção de filmes e sistema de iluminação e sonorização próprios para espetáculos cênicos.
O local está adequado às condições de acessibilidade, tem poltronas para obesos, áreas para cadeirantes e elevadores de acesso ao palco para artistas com necessidades especiais.
Cinema Paradiso
João Moraes confessa que este curto período de existência da casa já foi suficiente para o Teatro da Vila realizar um sonho particular. Apaixonado por cinema, ele citou que sonhava viver a história do filme Cinema Paradiso, em que o menino Totó estabelece uma amizade com Alfredo, o projecionista do velho cinema.
“Eu sonhava ser este cara e certa ocasião aconteceu que nós ficamos sem o nosso projecionista aqui e coube a mim a tarefa de passar o filme. Foi emocionante demais, as crianças da plateia me olhando, eu me senti exatamente como o personagem do Cinema Paradiso, foi incrível”, relatou.
Diferente do Cinema Paradiso, que usava projetores da época do final da Segunda Guerra, as produções no Teatro da Vila são exibidas por projetor DCP (Digital Cinema Package) a laser de última geração, em uma tela de 8 metros de largura por 3,5m de altura. O som é dolby digital surround e traz a sensação que a cena está acontecendo ao lado do espectador.
Uma das maiores lotações aconteceu na exibição de Minions 2, animação infantil. “Infelizmente teve gente que não conseguiu entrar porque já estava lotado”, lamentou João. Os filmes são lançamentos mundiais, que muitas vezes ainda estão nas salas do circuito comerciais.
Outro grande momento foi o show de Zeca Baleiro e Carlos Careqa. “Tivemos um pouco de público de fora do bairro, mas a maioria era formada por pessoas que trabalham e moram na região. Isso é muito positivo”, comemorou.
Cultura do bairro
Mas não são só as produções da Meca do cinema que têm vez no Teatro da Vila. Trabalhos locais também são bem-vindos. No dia 25 de novembro, a Xamã Filmes, com sede na Vila Verde da CIC, vai apresentar dois curtas metragens rodados na região.
A ação faz parte da proposta do Teatro da Vila, de oferecer uma programação diversificada oferecida pela Fundação Cultural de Curitiba, por meio do Instituto Curitiba de Arte e Cultura (Icac), e apropriada pela comunidade para as suas manifestações artísticas, como a arte urbana em geral, uma das expressões mais marcantes da cultura do bairro.
Teatro da Vila – programação de novembro
FILMES
O Telefone Preto
Sessões: 5/11 (18h30) e 13/11 (17h30)
As Aventuras de Tadeo e a Tábua de Esmeralda
Sessões: 6/11 (15h), 20/11 (15h) e 4/12 (15h)
Não! Não olhe!
Sessões: 19/11 (18h30), 27/11 (17h30) e 3/12 (18h30)
Marte Um
Sessões: 12/11 (18h30) e 26/11 (18h30)
A Fera
Sessões: 6/11 (17h30), 20/11 (17h30) e 10/12 (18h30)
Pinocchio – O Menino de Madeira
Sessões: 13/11 (15h), 27/11 (15h) e 4/12 (17h30)
MÚSICA E TEATRO
Orquestra de Cordas Solidariedade – Concerto (música)
Dia 12/11, 16h
Naquela Praça (teatro)
Dia 19/11, 16h
Curso Formando Novas Plateias em Música
Dia 22/11, 10h30 e 14h
Sessão de Curtas (cinema)
Dia 26/11- 16h
A Arca de Noé, de Vinicius de Moraes e Toquinho
Dias 10/12 e 11/12 – 10h, 14h30 e 16h