O músico instrumentista Walter José Hoerner, de 75 anos, completou há poucos dias 50 anos de trabalho na Prefeitura de Curitiba. Ele integra o mais novo grupo de servidores aposentados e foi homenageado pelo IPMC (Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba), nesta quinta-feira (7/11), na sede do Instituto, no Alto da Glória, ao lado de outros 30 servidores. O encerramento do ciclo de trabalho na Prefeitura marcou também os 50 anos de casado com Marísia.
Hoerner foi um dos primeiros músicos da Camerata Antiqua de Curitiba, grupo musical mantido pela Prefeitura de Curitiba e que é formado por coro e orquestra. Instituída há 50 anos, a Camerata foi criada para pesquisar e divulgar a música antiga.
“Estive na Camerata desde o primeiro ensaio”, revela. “Se eu pudesse, faria tudo de novo, com algumas variações apenas. Fiz amigos nesse tempo todo e tive muitos alunos”, comemora.
Na avaliação de Hoerner, o público da Camerata se divide em dois: os que batem ponto e os variáveis, que vão aos espetáculos porque gostam do programa. Agora aposentado, ele pretende frequentar os espetáculos, sempre que puder. “Agora serei plateia.”
Além da Camerata, ele deve prestigiar a filha, Luciana, que é cantora lírica. “Ela tem a voz da minha mãe”, diz o orgulhoso pai.
Aposentadoria
Os primeiros dias de aposentadoria têm sido muito tranquilos. Além dos planos de viagens pelo Paraná e a Santa Catarina, ele conta que continua dando aulas de violino e cuidando do jardim de casa. “Também gosto de brincar de fazer bonsai”, revela.
“É como se eu estivesse de férias. Nunca fui de fazer muitos planos. Deixo a vida me levar. Vou vivendo as oportunidades que ela proporciona. Foi assim quando comecei a trabalhar na Prefeitura e vai ser assim na nova fase”, contou.
O mesmo violino
Walter Hoerner ingressou no mundo da música ainda criança, aos 6 anos, quando começou a estudar piano. Aos 7 anos, ele se interessou pelo violino. O instrumento favorito de Walter Hoerner foi presente do pai, o professor de desenho Walter Hoerner, que dá nome à Escola Municipal localizada no Mossunguê.
“Este violino está comigo desde os 15 anos. Lembro que, na época, os reparos que fizemos no instrumento foram mais caros do que o que ele pagou pelo violino usado”. “É o violino que levava para os concertos. O outro que tenho é mais para usar em casa, ensaiar”, conta.
O início na Prefeitura
Na Prefeitura de Curitiba, Hoerner começou a carreira como professor de Educação Artística, depois de fazer o concurso público. Naquele mesmo ano, ele prestou concurso para a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, onde lecionou por 48 anos.
Hoerner deixou a sala de aula na rede municipal de ensino, quatro anos depois, quando foi convidado para coordenar o setor de música erudita da Fundação Cultural. Dali em diante, passou a dedicar-se exclusivamente à Camerata, que estava apenas começando.
Com a música, visitou países como México, Dinamarca, Itália, Estados Unidos e, mais recente, a Argentina. A Camerata foi convidada para tocar no tradicional Teatro Cólon, em Buenos Aires, em junho deste ano, mais um marco do jubileu de ouro do grupo. O concerto, na mais importante sala da América Latina, atraiu mais de 8 mil espectadores através do YouTube e Instagram. No programa, música barroca brasileira.
Na ocasião do concerto na Argentina, Walter Hoerner celebrou: “Tocar no Colón foi a realização de um sonho. Tenho muita firmeza em dizer que é o concerto mais importante de toda essa história.”
Do barroco ao contemporâneo
Ao longo dos anos, o grupo conquistou uma sólida formação musical que foi sendo aperfeiçoada. No início, o repertório barroco e da renascença dominaram. Alguns anos depois, a Camerata dedicou-se também a obras brasileiras que chamavam a atenção onde quer que se apresentassem.
A versatilidade e a maturidade musical garantiram o respeito do grupo Brasil afora e também em outros países, além de ter possibilitado a gravação de LPs e CDs.
Ao longo dos seus 50 anos, a Camerata teve papel fundamental na formação da plateia curitibana. Em diferentes locais da cidade, nem sempre em salas de concerto, o grupo levou música para todos, democratizando o acesso.