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16 dez

Cantor da Camerata, Marcelo Dias ganha prêmio nacional de canto lírico

Publicado em: Camerata Antiqua de Curitiba por: viridiana
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O cantor Marcelo Dias, músico da Camerata Antiqua de Curitiba, foi um dos vencedores do 1º Concurso de Canto Lírico Joaquina Lapinha, destinado a intérpretes solistas pretos, pardos e indígenas. Ele ficou em 2ª lugar – Voz Masculina (Prêmio Estevão Maya-Maya), promovido pelo Conservatório Dramático Musical de Tatuí, e realizado no começo de novembro.

Ao lado de Marcelo, na categoria Voz Feminina, ficou a soprano Thaina Souza. Os vencedores da competição em 1º lugar foram a soprano Chiara Santoro e o barítono Isaque Oliveira.

Além da premiação em dinheiro, os solistas farão um concerto gratuito no Theatro Municipal de São Paulo acompanhados da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, na segunda-feira (19/12), às 20h, na Sala de Espetáculos.

Para Marcelo, o resultado trouxe ganhos de naturezas distintas. “A banca trouxe retornos muito positivos, que me abriram o horizonte. Músicos que admiro estavam entre os jurados e isso não tem preço. Agora quero pensar numa carreira de solista”, disse.

Todo o processo até a grande final, no dia 13 de novembro, foi dividido em três etapas. Avisado por uma amiga, Marcelo teve conhecimento sobre o concurso no último dia da inscrição. Logo enviou os vídeos e currículo e em menos de dez dias já estava concorrendo ao prêmio na casa de ópera mais importante do país, Theatro Municipal de São Paulo. Ao todo, 85 cantores de todo o Brasil se inscreveram.

Uma história de superação

De consagração nacional, o concurso homenageia em seu nome a soprano Joaquina Maria da Conceição Lapa — a Joaquina Lapinha –, que viveu na passagem do século XVIII para o século XIX. Nascida em Minas Gerais, Joaquina é considerada uma referência feminina na cena lírica e uma das primeiras mulheres a receber autorização para participar de espetáculos públicos em Portugal (Lisboa).

De origem humilde, Marcelo considera que o significado dessa vitória representa um avanço social. “Ter meu nome gravado nesta mostra tem um peso histórico. Privilegiar essa categoria é mostrar que existem pessoas de altíssimo nível que foram marginalizadas, pois mesmo dentro desse segmento ainda há um cerceamento, principalmente quando se trata do cenário operístico”.

Para o garoto de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que desde os 4 anos de idade sabia que seu destino seria o canto, o percurso foi longo. Atualmente, cantor da Camerata Antiqua de Curitiba, o músico avalia ainda que para chegar a esse espaço de visibilidade muitas barreiras tiveram que ser quebradas.

“Sofri preconceitos que de certo modo foram um embarreiramento para o meu aflorar natural. Demorou para subir ao palco, o espaço que hoje faz parte de quem eu sou”, afirmou.

A mudança de cidade para trabalhar em Curitiba foi fator decisivo em seu crescimento profissional, avalia o músico. “Aqui é uma cidade em que existem mais atividades culturais, onde o meio é pulsante. Com a Camerata fazemos dois ou três concertos por mês e sempre com maestros excepcionais, inclusive muitos do exterior que trazem uma bagagem interna e artística diferente, isso nos impulsiona e motiva. Trabalhar aqui é um privilégio”, concluiu Marcelo.