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23 set

Cantores do Núcleo de Ópera brilham no palco da Capela Santa Maria

Publicado em: Capela Santa Maria por: viridiana
Cantores do Núcleo de Ópera brilham no palco da Capela Santa Maria. Curitiba, 21/09/2019.
Foto: Divulgação

Um concerto pedagógico de canto lírico estrelado por alunos do Núcleo de Ópera Comunitário de Curitiba (Nocc) encerrou, na noite desta sexta-feira (20/9), a semana intensiva de master classes com a soprano japonesa radicada no Uruguai e professora de canto Eiko Senda.

Catorze cantores participaram do espetáculo, que interpretaram árias de óperas de compositores diversos na Capela Santa Maria. O Nocc é formado por 46 alunos de 18 a 35 anos que têm direito a duas aulas semanais individuais e dois ensaios semanais – tudo sem custo – com o maestro, cantor e professor Ivan Moraes. Seu endereço é a sala Scabi, no Solar do Barão, no Centro.

Fazem parte dele pessoas que pretendem se profissionalizar no canto lírico ou simplesmente profissionais do meio jurídico, médico e financeiro, entre outras áreas, que apreciam ópera ou têm vozes privilegiadas, depois de terem sido aprovadas em processo seletivo.

“Esse é o objetivo: juntar esse público diverso e mostrar que os apreciadores de ópera também podem cantá-la”, resume Moraes.

Experiências diversas

Para a maioria, foi a primeira vez sobre um palco de sala de concerto. Há um ano no Nocc, Guilherme Francisco Mioto é um dos alunos com rotina profissional distante do canto lírico.

Ele é advogado com atuação nas áreas imobiliária e criminal e, até ser convidado a participar do projeto por uma amiga que participa do grupo há mais tempo, dedicava-se a um tipo completamente diverso de música: o rock. Mesmo depois da descoberta do canto lírico, Mioto segue cantando e tocando teclado na banda Seven Rocks.

“As aulas são completamente diferentes das que eu já tinha feito, com foco no rock. Isso aqui caiu do céu e quero continuar por um bom tempo”, conta ele, que aproveita a maleabilidade de horários de profissional liberal para fazer as aulas individuais às terças e quintas-feiras, no fim da tarde, e emendar com os ensaios coletivos noturnos. Ele é tenor e um dos jovens cantores que pisaram pela primeira vez numa sala própria para concertos.

Diferente do advogado curitibano, a paraense Emanuele Monteiro Pereira é formada em canto lírico e estuda para fazer carreira na área. Há oito meses atravessou os mais de 3,2 mil quilômetros que separam Belém de Curitiba e entrou para o Nocc em seguida. A ideia, explica, era aumentar a vivência musical e ficar mais próxima de outros polos de música.

“Aqui é um jeito diferente de fazer música, com uma proposta técnica muito boa e trazendo pessoas da comunidade”, diz.

Incentivada pelos pais, apreciadores de música, desde pequena Emanuele era levada a concertos gratuitos na cidade natal. Foi lá que, há 17 anos, viu pela primeira vez a cantora lírica e professora Eiko Senda no palco.

“Lembro que ela cantou Pagliacci mas, naquela época, jamais eu poderia pensar que ia querer trilhar o mesmo caminho e até ter aulas com ela”, lembra Emanuele, que dá aulas de canto para se manter e já se apresentou na Capela Santa Maria.

Celeiro de possibilidades

Além do reencontro com a agora aluna, Eiko deixa Curitiba satisfeita com a turma que lhe coube orientar. “Faltou cadeira no primeiro dia de aula para tantos jovens donos de vozes com musicalidade natural, muita fome de aprender e muito bem preparados”, definiu a professora convidada, que viaja pela América Latina como convidada especial para master classes.

A soprano também elogiou a cidade, onde já havia estado e que define como “um lugar de gente comprometida com o que faz”. Segundo ela, Curitiba possui uma estrutura inicial para fomentar o canto lírico por meio do Núcleo de Ópera.

“É algo muito especial e que precisa ser mais difundido também em outras cidades”, avalia.

Mais do que lapidar cantores líricos, Eiko vê no projeto uma oportunidade para novos professores – com formação acadêmica e experiência de palco ao mesmo tempo. “A formação superior é importante mas, sem a experiência do cantar, não é suficiente”, observa.

Segundo ela, profissionais com essas qualidades são determinantes na formação das novas gerações de cantores e estão rareando em vários lugares do mundo. “O Núcleo de Ópera é, seguramente, uma estratégia para fazer frente a isso”, afirmou.