O Cine Passeio, o mais novo espaço cultural da cidade, completou um mês de funcionamento no último fim de semana e já é um grande sucesso entre o público curitibano. De 27 de março a 27 de abril, foram cerca de 204 sessões realizadas e mais de cinco mil ingressos vendidos.
A maioria das sessões em horários nobres esteve lotada e a taxa de ocupação média das salas foi superior a 35%. Os dados são auditados pela Ancine.
Além dos espectadores dos filmes, há uma estimativa de que o espaço recebeu ao longo do mês cerca de 12 mil pessoas que foram visitar o local, conhecer a cafeteria e participar dos eventos especiais, entre bate-papos com diretores, cursos e atividades na área de economia criativa.
“A forma como a população abraçou o novo espaço cultural e a maneira carinhosa com que tem se relacionado com ele são indicadores de como a cidade estava precisando de um espaço como esse”, disse o diretor de Ação Cultural da Fundação Cultural de Curitiba, Beto Lanza. Para ele, a cidade estava carente de um ambiente de permanência, reflexão, discussão e de simples lazer dedicado exclusivamente ao cinema. “O advento do Cine Passeio completou essa lacuna”, avalia.
Frequentadores
O engenheiro e professor aposentado Ivan Mendonça, de 72 anos, já é um dos frequentadores mais assíduos. Foi cinco vezes ao local e está se programando para ir novamente nesta semana.
Morador do bairro Cabral, conta que às vezes vai caminhando, ou de ônibus e, quando necessário, vai de carro e utiliza um dos estacionamentos conveniados. “Achei a programação excelente, pois foge do cinema comercial. São filmes com mais conteúdo”, disse.
Ivan, que frequentou o Cine Luz em seu antigo endereço, na Praça Santos Andrade, conta que se surpreendeu quando foi ao Cine Passeio pela primeira vez. “A restauração do prédio foi de muito bom gosto. Gostei de chegar e encontrar logo um café. As salas são confortáveis, o som é muito bom. Superou as minhas expectativas”, disse.
Para Marino Galvão Jr, diretor executivo do Icac, com o Cine Passeio Curitiba dá exemplo e lidera um processo importante. “Recentemente saíram notícias dando conta de que cinemas importantes de São Paulo serão reativados. Outras cidades também seguem caminho semelhante. Já há uma percepção de que as possibilidades de um equipamento do gênero são diferentes do circuito convenciona”, disse. “Curitiba saiu na frente e a verdade é que o impacto urbanístico que causa a abertura de um equipamento como este é muito significativa. Em pouquíssimo tempo será difícil imaginar a Rua Riachuelo sem o Cine Passeio e isso é a completa sinergia entre urbanismo e cultura.”
Repercussão
A Coffeeterie Passeio, localizada dentro do complexo, também já se tornou um ponto de encontro. O espaço tem a proposta de oferecer aos consumidores cafés especiais, produzidos no norte pioneiro, e costuma estar sempre cheio.
Até mesmo a vizinhança sentiu as mudanças positivas proporcionadas pelo centro cultural. A idealizadora do Brechó Balaio de Gato, Lia Perini, acompanhou o desenvolvimento da obra e já tinha grande expectativa para a inauguração do Cine. Agora aproveita a boa maré para atrair clientes. “Eu estou encantada, superou o que eu esperava. Senti melhora no movimento da rua e da loja, está sensacional. As pessoas vêm aqui porque vão ao cinema e falamos do Cine Passeio para chamar nossos clientes nas redes sociais”, conta.
Beto Lanza acredita que, além da programação intensa, a proposta arquitetônica do espaço também é um chamariz. “É um espaço que permite a convivência e o deleite de um espaço público, que é aberto, franqueado. A singularidade do projeto arquitetônico tem se revelado um diferencial”, observa.
Os maiores sucessos da programação
Com a curadoria de Marcos Jorge e Marden Machado, em 30 dias foram exibidos 23 filmes na salas Luz e Ritz. Recorde de bilheteria, os filmes mais procurados foram O Tradutor, Suspíria – A Dança do Medo e Border, que tiveram juntos quase dois mil espectadores.
Foram realizadas duas sessões matinês para as crianças. A sessão matinê do último domingo (28/4), às 10h30, com o filme Dumbo, teve reprise no início da tarde para atender a grande demanda.
As sessões especiais também tiveram destaque na programação, possibilitando novas formas de experenciar o cinema. Logo na semana de inauguração houve uma sessão a céu aberto pelo projeto Cinco Sentidos, que uniu cinema e gastronomia, a mostra Glauber Rocha, e a sessão da meia-noite, com o filme de terror Morto não Fala.
Além das exibições de filmes, discussões sobre o audiovisual brasileiro atraíram os cinéfilos. Houve debates com os diretores do filme Raiva, Sérgio Tréfaut, do filme Elegia de um Crime, Cristiano Burlan, e com o ator Mauro Soares, de Antônio 123. Para coroar a programação aconteceu ainda, no último fim de semana, uma masterclass com o roteirista Bráulio Mantovani, de Cidade de Deus, Tropa de Elite e Albatroz, filme que inaugurou as salas do Cine Passeio.
Outros eventos trouxeram a união de novas linguagens com o cinema. Intersecções é o nome da série de eventos, entre exposições, filmes e debates, que será realizada no complexo cultural, abordando temas relacionados à economia criativa. O primeiro encontro da série teve como tema o café. Participaram produtores e processadores de grãos, designers de produtos ligados à manufatura e a suportes para consumo, e os realizadores de um documentário sobre o tema.