A Prefeitura de Curitiba, a Fundação Cultural de Curitiba e o Instituto Curitiba de Arte e Cultura lamentam a morte da pianista Henriqueta Garcez Duarte, uma das maiores expressões da música erudita paranaense. Reconhecida nacional e internacionalmente, seu legado vai além do seu talento como exímia intérprete e a qualifica como uma das grandes incentivadoras das artes do Paraná. Ajudou a criar o instituto Pró-Música de Curitiba e foi uma das fundadoras do Festival Internacional de Música, embrião das Oficinas de Música de Curitiba.
A Prefeitura irá decretar luto oficial. “Perdemos dona Henriqueta Penido Monteiro Garcez Duarte (1928-2020), famosa intérprete da nossa música brasileira. Talentosa pianista, mestre de toda uma geração, entusiasta da SCABI e da Pró-Música. Sua partida nos enche de tristeza. Seu legado é símbolo imortal da força transformadora da Arte. Seja recebida na Eternidade pelos Anjos ao som de lindos cânticos e acordes, quais os que imprimia ao piano ao interpretar Brasílio Itiberê na sinfonia Sertaneja”, disse o prefeito Rafael Greca.
“Lamento profundamente a perda de D. Henriqueta Garcez Duarte, que deixou importante contribuição para a difusão da música, em especial a música erudita. D. Henriqueta e um grupo de musicistas e entusiastas criaram entre as décadas de 1960 e 70 os Cursos Internacionais de Música do Paraná e os Festivais de Música de Curitiba, que resultaram na formação de grupos musicais, como a Camerata Antiqua de Curitiba, e posteriormente na criação da Oficina de Música, que mantém viva a proposta dos festivais e a sua memória”, destacou a presidente da Fundação Cultural, Ana Cristina de Castro.
Trajetória
Nascida em União da Vitória, em 1928, Henriqueta Monteiro Garcez Duarte iniciou seus estudos com a avó materna. Foi o início de uma carreira promissora. Foi aluna de Magdalena Tagliaferro no Rio de Janeiro, estudou no Conservatório de Madrid e na Academia de Música de Viena. Entre outros grupos, apresentou-se com o Quarteto de Cordas Mozarteum, de Salsburg, o Quarteto Lindsay e o Quinteto de Sopros de Munique. Foi solista, entre outros, dos maestros Souza Lima, Isaac Karabtchevski e Roberto Schnorrenberg. Como pianista e conferencista, apresentou-se no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.
Ao lado de seu esposo, o engenheiro Eduardo Garcez Duarte, ajudou a criar em 1963 o instituto Pró-Música de Curitiba. Em dezembro de 1964, participou do lançamento dos Cursos e dos Festivais Internacionais de Música do Paraná, com o apoio do Governo do Estado e, depois, da Prefeitura de Curitiba – projeto que deu origem à Oficina de Música de Curitiba, hoje em sua 37ª edição.
A pianista foi também diretora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (1974-1978). Em 26 de novembro de 1997, recebeu o título de Cidadã Benemérita de União da Vitória e, em 2017, o título de Membro Honorário da Academia Paranaense de Letras.
Pioneirismo
Para a coordenadora de Música da Fundação Cultural de Curitiba e diretora geral da Oficina de Música de Curitiba, Janete Andrade, a pianista foi primordial para dar os contornos da cultura da cidade como a conhecemos hoje. “O seu pioneirismo com a criação dos Festivais Internacionais de Música em Curitiba foi fundamental para a formação de centenas de músicos no país, e foi graças a esses festivais tão importantes que temos a Oficina de Música de Curitiba”, afirmou.
“Dona Henriqueta foi uma pessoa sempre muito atualizada com o que existia de melhor na música de concerto e na academia, no mundo, sempre atenta aos festivais internacionais, a excelentes gravações, às instituições de ensino que poderiam nos servir de bons exemplos. Sempre equilibrou sua atividade profissional com a sua linda família. Em tudo o que fez pela cultura teve a cumplicidade e o companheirismo do seu esposo, o engenheiro Eduardo Garcez Duarte. Enfim, é um exemplo a ser seguido, que nos ensina a nunca deixar de perder o interesse pela vida”, disse Janete.
Por sua importância para a música de Curitiba, Henriqueta Duarte foi uma das personalidades referenciadas em diversas partes do livro “Curitiba & Música – Nos Acordes da Fundação Cultural”, de autoria das pesquisadoras Aparecida Vaz Da Silva Bahls e Lilia Maria da Silva, lançado em 2016 pela Fundação Cultural de Curitiba.