A influente líder internacional em gestão empresarial da cultura, Anne Parsons, visitou nos dias 4 e 5 alguns dos projetos que a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e Instituto Curitiba de Arte e Cultura (ICAC) realizam na cidade. Acompanharam as visitas o presidente do ICAC, Marino Galvão Jr, Janete Andrade, coordenadora de música erudita da FCC e Joyce Costa, assessora cultural do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo.
Na Regional Cajuru, Anne conheceu o Projeto Nosso Canto, que no momento realizavam uma aula em conjunto com outras regionais, sob a regência de Mara Campos. Visitou também o Conservatório de MPB de Curitiba, durante o ensaio do Coral Brasileirinho com o maestro Milton Karam e Helena Bel, e a tradicional Roda de Choro.
Segundo Parsons as visitas a inspiraram a realizar projetos similares em Detroit. “É fantástico ver o que esse incentivo faz com a vida das pessoas que participam do projeto. Pessoas em que tem a música tão distante de suas vidas no dia-a-dia, e que são transformadas por isso isso. Esses projetos mudam a vida e o cotidiano das pessoas de forma intensa”, afirmou.
Para Marino Galvão, predidente do ICAC, este intercâmbio cultural é importante para a cidade divulgar as suas ações. “A troca de experiência com outros países é muito rica, pois podemos apresentar para eles nossos projetos e avaliar possíveis parcerias. A conclusão é que temos um potencial muito grande e nossos projetos são mostra que a gente está no caminho correto”, afirma.
Palestra
Anne Parsons é presidente e CEO da Detroit Symphony Orchestra (DSO) e esteve em Curitiba para apresentar a palestra ‘Orquestras como exemplo de transformação, gestão e liderança’. Em sua explanação, Anne compartilhou com músicos e gestores culturais de Curitiba seu trabalho desenvolvido desde 2004 e o caminho de superação realizado no período de crise em Detroit.
A palestra fez distintas dimensões de “utilidade” destas organizações complexas na sociedade contemporânea, e as várias formas de potencializar seu impacto e relevância, mostrando que orquestras e outros corpos musicais podem exercer papeis muito além da atividade de produção e reprodução musical.
A tecnologia foi a principal mudança que a Orquestra teve que se haver durante a crise, e foi o que a impulsionou para se reerguer. “As pessoas querem que as coisas voltem a ser como antes, mas o futuro é diferente. E conseguimos chegar no futuro, graças a mudanças dramáticas, todos os negócios foram pautados pela tecnologia”, disse Anne.
Parsons ainda lembra que o objetivo também sofreu grande alteração, fazer música sinfônica disponível e acessível a todos passou a ser o foco da Orquestra. “Cortamos pela metade nossas apresentações nas nossas salas de concerto e fomos para a comunidade. Se eles não vinham até nós, nós fomos até eles”, revelou.
Entre outras mudanças necessárias para a reestruturação, Anne falou sobre o trabalho voluntário antes individual e que passou a ser parte de um programa da DSO, encontrar pontos de concordância entre os membros para acabar com os conflitos também foi citado. De Curitiba Anne segue para a Conferência Internacional de MultiOrquestra em São Paulo. A Conferência é plataforma de diálogo entre orquestras, conservatórios, salas de concerto, projetos sociais e organizações governamentais para o fortalecimento dos setores orquestrais no Brasil e no Reino Unido.