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22 abr

Tradução em Libras dos concertos da Camerata Antiqua emociona até o público ouvinte

Publicado em: Camerata Antiqua de Curitiba por: viridiana
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A música erudita também pode ser sentida com os olhos. É o que mostram os concertos da temporada 2025 da Camerata Antiqua de Curitiba na Capela Santa Maria, com tradução simultânea em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). Até o final do ano, serão mais 31 apresentações.

A iniciativa do Instituto Curitiba de Arte e Cultura (Icac), gestor do grupo musical mantido pela Prefeitura de Curitiba, garante acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva e também emociona o público ouvinte com a expressividade dos intérpretes.

“Queremos que cada pessoa se sinta verdadeiramente acolhida nos espaços culturais da cidade, que possa entrar, se emocionar, se reconhecer e saber que aquele lugar também é seu. A cultura só faz sentido quando toca, aproxima e transforma”, afirma Juliana Midori, diretora-executiva do Icac.

Na apresentação da última semana, na Capela Santa Maria, a presença dos intérpretes ao lado da orquestra chamou a atenção do público. Em harmonia com músicos e cantores, eles traduziram as obras do compositor barroco Jan Dismas Zelenka.

Emoção traduzida

O trabalho dos intérpretes de Libras começa cerca de duas semanas antes de cada concerto. Eles recebem as partituras do programa que será executado, ouvem as gravações das obras, pesquisam os compositores e constroem uma tradução sem palavras.

“A gente busca entender o contexto, a época, o estilo do compositor, a mensagem da obra e então traduz isso em sinais que carreguem emoção, ritmo e intenção”, explica o intérprete Nathan Sales.

Outro desafio que os tradutores enfrentam para tradução de música erudita é a simultaneidade à execução dos músicos no palco. “Estamos sempre em dupla para dar suporte um ao outro. Depois de cerca de 20 minutos de tradução contínua, a qualidade da interpretação começa a ser afetada”, conta Eziom Geber.

Para resolver, eles usam a técnica de tradução em espelho. Enquanto um intérprete está de frente para o público, o outro fica posicionado à frente, sentado na plateia de modo que não interfira na performance do colega, indicando os movimentos que devem ser feitos na sequência.

Quando há coro, os intérpretes traduzem as letras. Já nas obras instrumentais, os sinais acompanham o clima da composição, traduzindo a pulsação e as mudanças de andamento.

“Criamos uma narrativa visual. Libras não é só uma tradução literal, ela traz ritmo, intenção, poesia. Precisamos transmitir com o corpo e o rosto aquilo que a música está contando”, detalha Nathan.

Uma experiência que toca a todos

Muitas pessoas que não precisam da tradução ficam tocadas pela presença dos intérpretes. “É como se a música ganhasse uma forma visual, uma história. Você vê a música não só nos gestos, mas no corpo, no rosto. Parece que eles traduzem não só o som, mas a alma do que está sendo tocado”, comentou Sofia Aires, de 15 anos, que assistiu à apresentação com o pai, Bruno Alves de Almeida.

“Dá pra ver que ele estudou mesmo a letra e interpretou de verdade. É uma forma diferente de incluir, que toca todo mundo”, disse Beto Barros, que assistiu ao concerto com amigos.

Saiba toda a programação de concertos da Camerata Antiqua de Curitiba no Guia Curitiba.